domingo, 30 de maio de 2010

NUVEM DE TAGORE


"Sou como o resto de uma nuvem de outono errando inutilmente pelo céu, ó meu sempre glorioso sol! O teu contato ainda não dissolveu a minha névoa para integrar-me na tua luz, e por isso vou contando os meses e os anos que vivo longe de ti.
Se é da tua vontade e se é para tua recreação, toma então esta minha oca leviandade, tingi-a de cores, doura-a com ouro, entrega-a ao vento lascivo e dispersa-a em variegadas maravilhas.
E se for mesmo da tua vontade acabar com esse brinquedo, de noite, eu me dissolverei e desaparecerei por aí, na escuridão, ou quem sabe num sorriso da manhã alva, ou num frescor de transparente pureza."

Rabindranath Tagore


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