ARMAZÉM ESTREIA EM RIO PRETO
Mesmo para uma companhia experiente e premiada como a Armazém -- com 23 anos de história e uma equipe coesa --, criar, montar e ensaiar uma peça em menos de dois meses para apresentar em um espaço para 5.000 pessoas não é tarefa fácil.
Mas, a pedido do FIT (Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto), que tem neste ano como proposta apresentar obras singulares e inovadoras, o desafio foi aceito pelo grupo, sediado no Rio, e a peça "Antes" será apresentada nesta quinta-feira (15/07), na abertura do festival.
Com a tradição de abrir com espetáculos de rua, em geral de grupos estrangeiros, é a primeira vez que o FIT (em sua 10ª edição no formato internacional) convida uma companhia para criar obra original para o evento.
"Era muito arriscado, mas eu adorei a proposta", diz o diretor da Armazém, Paulo de Moraes. "A ideia era aprofundar a pesquisa que o grupo já vinha fazendo e ver como ela resultava naquele grande espaço ao ar livre, sem a preocupação de ter apelo popular."
Por acaso, a pesquisa que vinha sendo desenvolvida pelo grupo tinha como grande inspiração o filme "O Equilibrista", que conta a história real de um homem que atravessou as Torres Gêmeas por uma corda de aço.
Segundo Moraes, era aquele o tipo de sensação que eles buscavam: a potência dos momentos em que nos sentimos fortes como indivíduos e em que tudo parece possível.
Assim, o desafio de fazer a peça "mais rápida" da história da Armazém (que ainda não estava pronta até o fim de semana) soou coerente.
"A imagem que está influenciando é o cara na corda bamba. A gente tem que correr o risco também." E diz, rindo: "E a gente está fazendo o que mais gosta na vida, que é teatro. Ruim seria correr risco fazendo uma cirurgia médica...".
Por trás do desafio, a Armazém tem a segurança de um currículo com, entre outros, o Prêmio Shell 2008 de melhor atriz para Patrícia Selonk e de melhor autor para Paulo de Moraes e Maurício Arruda Mendonça, por "Inveja dos Anjos".
Na narrativa resultante do processo, "Antes" se passa nas ruínas de um teatro abandonado, onde ronda o espectro de um velho ator morto (interpretado por Ricardo Martins.
Infeliz com a solidão, ele resolve trazer vida para o local e atrai três personagens que, aos poucos, nos revelam ter ligações com diferentes momentos de sua vida.
Pela primeira vez, a Armazém se utiliza de trilha sonora ao vivo, com uma guitarra permeando toda a peça.
Marcos Grispun Ferraz - Ilustrada - Folha de São Paulo 13/07/2010
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