MAURICIO ARRUDA MENDONÇA, BREVE PERFIL
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Foto: Roberto Custódio |
"FUI ESCOLHIDO PELO TEATRO"
Jornal de Londrina - 17-04-2013
por Fabio Luporini
Premiado novamente com
o Shell, Mauricio Arruda Mendonça fala do ofício de escrever para os palcos.
Quase 20 anos depois de ter
largado o Direito para se dedicar ao teatro, o escritor e dramaturgo
londrinense Maurício Arruda Mendonça é novamente contemplado com o Prêmio Shell
de Teatro, pelo espetáculo A Marca da Água, da companhia Armazém, originalmente
londrinense e hoje radicada no Rio de Janeiro. Este é o terceiro prêmio em
parceria com o diretor Paulo de Moraes.
Reconhecimento vindo de uma longa
estrada, mas nada que alce o escritor ao patamar de veterano: Mendonça quer
continuar um jovem autor, ligado a temas contemporâneos.
“Daqui a pouco as pessoas vão achar que o nosso trabalho é de veterano. Mas, nos sentimos, muito jovens e contemporâneos. Não estamos sabendo tudo nem estamos acima dos demais”, avalia o dramaturgo.
“Daqui a pouco as pessoas vão achar que o nosso trabalho é de veterano. Mas, nos sentimos, muito jovens e contemporâneos. Não estamos sabendo tudo nem estamos acima dos demais”, avalia o dramaturgo.
Humilde também é o reconhecimento
de um processo de trabalho sempre em grupo dentro do Armazém Companhia de
Teatro. Entre todos os integrantes. De modo especial com o amigo Paulo de Moraes , com
quem Mendonça divide ainda prêmios nos espetáculos Inveja dos Anjos (2008,
Shell), do Armazém, e Pequenos Milagres (2006), texto escrito para o Grupo Galpão e premiado em Minas Gerais.
“É um reconhecimento do que se
produz. Importante como eco e ressonância do que você faz”, avalia o
dramaturgo. Entretanto, o prêmio nunca é um objetivo. Antes, apenas uma
consequência. “A gente não trabalha para ganhar prêmio. Nosso objetivo é manter
o público, interessar o público jovem. Colocamos questões humanas importantes e
queremos fazer as pessoas sentirem, se emocionarem e pensarem criticamente”,
aponta Mendonça.
Foi o amigo Paulo de Moraes ,
inclusive, quem levou Maurício Arruda Mendonça definitivamente para o universo
teatral. “Dizem que ou você escolhe o teatro ou o teatro te escolhe. E eu fui
escolhido pelo teatro.”
Em 1995 veio o convite de Moraes
para colaborar com o Armazém. “Aí a coisa se tornou mais assídua e
profissional.” Antes, Mendonça havia se formado em Direito e atuava como
advogado. Vez em quando escrevia alguma coisa. Já tinha publicado ao menos um
livro de poesias.
Junto com Rodrigo Garcia Lopes
(escritor e compositor), Mendonça passou a publicar algumas traduções. “Tivemos
ajuda do Ademir Assunção, que publicou algumas de nossas traduções no jornal.
Foi tudo um canal de escoamento da produção.”
Na realidade, desde pequeno o
dramaturgo teve facilidade com as letras. “Meu pai era professor de português.
Junto com a música, sempre tive o hábito de ler. Minha mãe comprava os livros
do Monteiro Lobato”, lembra. Com nove anos, rabiscava algumas quadrinhas e
ganhava os primeiros concursos de redação onde estudava, no Colégio Estadual
Vicente Rijo.
Não fosse a literatura, Mendonça seria músico. “Meu objetivo era me formarem música. Sempre
toquei violão. Tive professor de violão clássico, fui aprendendo com amigos”,
diz. O teatro, que antes era uma atividade paralela, tornou-se profissão. “Foi
acontecendo.”
Não fosse a literatura, Mendonça seria músico. “Meu objetivo era me formar
Parceria com Armazém
é antiga
Uma produção em
grupo. De fato, uma companhia. É assim que Maurício Arruda
Mendonça define o trabalho do Armazém, grupo teatral nascido em Londrina –
completou 25 anos em 2012 – e radicado no Rio de Janeiro. “Nós, como
companheiros, partilhamos de um meio de trabalho de forma coletiva.” Assim é
com o diretor Paulo de
Moraes , não somente nos três espetáculos premiados. “É tudo
muito orgânico. Conheço e admiro as pessoas e cada vez mais a gente se entende.
O Paulo me conhece e sabe como dirigir o meu texto”, exemplifica. Os amigos
fazem parte da vida do dramaturgo desde a época em que trabalhava em Londrina. Entre
eles, Rodrigo Garcia
Lopes , Bernardo Pellegrini, Marcos Losnak, Adriano Garib e
Mario Bortolotto.