terça-feira, 11 de agosto de 2009

LOUCOS DE CARA

Sempre acordo com alguma música na cabeça, e essa manhã de frio súbito me trouxe à mente a bela interpretação que ouvi do amigo multi-instrumentista Marcos Scolari segunda feira passada, quando nos encontramos na casa de Bernardo Pellegrini. Marquinhos me emocionou com a canção "Loucos de Cara" de Kleiton Ramil, gravada por seu irmão, Vitor Ramil no LP "Tango". Deixo aqui - nesse post veloz - os versos e a uma versão do proprio Vitor, dessa obra-prima da canção gaúcha. E que bela sensibilidade essa família tem. Me fez pensar que a música brasileira fora do eixo hegemônico deve muito a duas delas: os Espíndola no Mato Grosso e os Ramil nos Rio Grande. Bem, elocubrações à parte curtam aí e depois me falem alguma coisa.

Loucos de Cara


Vem anda comigo pelo planeta
Vamos sumir!
Vem nada nos prende
Ombro no ombro
Vamos sumir!
Não importa que Deus jogue pesadas moedas do céu
Vire sacolas de lixo
pelo caminho
Se na praça em moscou
Lênin caminha e procura por ti
Sob o luar do oriente
Fica na tua
Não importam vitórias
Grandes derrotas, bilhões de fuzis
Aço e perfume dos mísseis nos teus sapatos
Os chineses e os negros
Lotam navios e decoram canções
Fumam haxixe na esquina
Fica na tua
Vem anda comigo pelo planeta
Vamos sumir!
Vem nada nos prende
Ombro no ombro
Vamos sumir!
Não importa
Que Lennon arme no inferno a polícia civil
Mostre as orelhas de burro
aos peruanos
Garibaldi delira
Puxa no campo um provável navio
Grita no mar farroupilha
Fica na tua
Não importa que os vikings queimem as fábricas do cone sul
Virem barris de bebidas no Rio da Prata
M'boitatá nos espera
Na encruzilhada da noite sem luz
Com sua fome encantada
Fica na tua
Poetas loucos de cara
Soldados loucos de cara
Malditos loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Parceiros loucos de cara
Ciganos loucos de cara
Inquietos loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Vem anda comigo pelo planeta
Vamos sumir!
Vem nada nos prende
Ombro no ombro
Vamos sumir!
Se um dia qualquer
Tudo pulsar num imenso vazio
Coisas saindo do nada
Indo pro nada
Se mais nada existir
Mesmo o que sempre chamamos real
E isso pra ti for tão claro
Que nem percebas
Se um dia qualquer
Ter lucidez for o mesmo que andar
E não notares que andas
O tempo inteiro
É sinal que valeu!
Pega carona no carro que vem
Se ele é azul, não importa
Fica na tua
Videntes loucos de cara
Descrentes loucos de cara
Pirados loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Latinos, deuses, gênios, santos, podres
Ateus, imundos e limpos
Moleques loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Gigantes, tolos, monges, monstros, sábios
Bardos, anjos rudes, cheios do saco
Fantasmas loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Vem anda comigo pelo planeta
Vamos sumir!
Vem nada nos prende
Ombro no ombro
Vamos sumir!

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