MEU LIVRO LONDRINENSES NA PRAÇA!
Na última sexta-feira realizei o lançamento do meu primeiro livro de contos "Londrinenses" pela editora E-lektra & Kan, com patrocínio do Promic. O lançamento aconteceu no recinto da Biblioteca Pública Municipal, local que sempre achei ideal para lançamentos por ter um excelente astral e estarmos perto de livros. Meu agradecimento especial ao Rovilson, que foi de uma eficiência e gentileza para com o meu modesto trabalho. Não vou conseguir recordar e nomear todos os amigos que lá estavam. Aliás a presença de quase 70 pessoas num preguiçoso janeiro chuvoso de Londrina me deixou super feliz. Como me esqueci de fazer um pequeno discurso naquela noite, deixo aqui o meu agradecimento a cada um de vocês que compareceram. Obrigado ao meu "chefe" Artur Boligian Júnior, profissional exemplar, mestre de jornalismo, que me convidou e instigou a escrever contos para a nossa querida Folha Norte de Londrina, coisa raríssima na mídia impressa local e nacional. Obrigado também à nova direção da Folha Norte, em especial ao Bruno e a Vera Barão que lá estiveram. Valeu pela força! Agradeço ainda à minha querida Jacqueline pela organização, ao meu filho, que me ajudou nas dedicatórias e achou o lançamento "legal", a Ana Paula Carvalho Lopes minha estimada aluna dos tempos da Escola Municipal de Teatro pelo magnífico coquetel, e a força e camaradagem da minha amiga e irmã Juliana Boligian, é claro. Meu agradecimento especial e imprescindível ao Marcos Losnak e ao Beto por terem realizado um belo trabalho editorial.
***
Aproveito para postar a matéria que o jornalista e cronista Paulo Briguet escreveu para o Jornal de Londrina, a qual me deixou honrado pela generosa leitura que, em vários momentos, é pura poesia. Obrigado, Briguet!
A ARTE DE CAMINHAR PELA CIDADE
Paulo Briguet
Todo livro tem seu tempo, seus personagens e seus lugares. Londrinenses, de Maurício Arruda Mendonça, fala sobre o tempo, os personagens e os lugares de uma cidade que acabou de completar 75 anos. O livro reúne 14 contos e tem o cenário de Londrina como eixo gravitacional. Organizadas em ordem cronológica, as histórias atravessam meio século de história: dos anos 30 aos 80. O lançamento do livro acontece hoje, a partir das 20 horas, na Biblioteca Municipal, perto de vários símbolos locais que aparecem nas narrativas do autor: o Relojão, o Bosque, a Avenida Paraná, o Ouro Verde, o Edifício Júlio Fuganti.
O título do livro ecoa Dublinenses, de James Joyce, obra em que o autor irlandês iniciou a mitificação de sua cidade natal, Dublin. Maurício confirma a referência a Joyce, mas seus contos também lembram Winnesburg, Ohio, de Sherwood Anderson; Histórias extraordinárias, de Edgar Allan Poe; e A vida como ela é, de Nelson Rodrigues. Poeta e dramaturgo, o escritor londrinense mergulha no universo das histórias curtas com conhecimento de causa: ele sabe dialogar com as diversas influências sem perder a voz literária individual.
Compaixão, humor, ironia, nostalgia e capacidade de observação marcam as narrativas de Londrinenses. O autor mistura personagens reais e imaginários da história da cidade, provocando um efeito curioso: os reais parecem fantasmagóricos e os imaginários parecem de carne e osso. A precisão jornalística se combina com a imaginação poética – e é muito difícil fazer uma coisa sem perder a outra.
Escritos originalmente para a publicação em jornal (o semanário Folha Norte, em 2007 e 2008), os contos de Maurício Arruda Mendonça passam da linguagem de jornalismo policial antigo para o coloquialismo caipira, e em seguida para as gírias de época. De repente, vem uma descrição assustadora: “Dr. Müller, emérito cirurgião, acertou tiros precisos. O primeiro, no joelho, para provocar dor na vítima; o segundo na direção da alça esquerda do intestino; o terceiro, na parte baixa do pulmão direito; e o último, de raspão, na virilha”.
Ler Londrinenses é fazer uma caminhada pelo espaço e o tempo da cidade: visitamos o túmulo anônimo do Cemitério São Pedro; passamos pela oficina dos irmãos na Quintino; entramos na boate da Vila Matos; escapamos do Cadeião da Sergipe; chegamos à casa de chá dos Fuganti; observamos o casal de mãos dadas; voltamos à república na Rua da Carioca. E tudo volta ao início – como os ponteiros do Relojão.
Todo livro tem seu tempo, seus personagens e seus lugares. Londrinenses, de Maurício Arruda Mendonça, fala sobre o tempo, os personagens e os lugares de uma cidade que acabou de completar 75 anos. O livro reúne 14 contos e tem o cenário de Londrina como eixo gravitacional. Organizadas em ordem cronológica, as histórias atravessam meio século de história: dos anos 30 aos 80. O lançamento do livro acontece hoje, a partir das 20 horas, na Biblioteca Municipal, perto de vários símbolos locais que aparecem nas narrativas do autor: o Relojão, o Bosque, a Avenida Paraná, o Ouro Verde, o Edifício Júlio Fuganti.
O título do livro ecoa Dublinenses, de James Joyce, obra em que o autor irlandês iniciou a mitificação de sua cidade natal, Dublin. Maurício confirma a referência a Joyce, mas seus contos também lembram Winnesburg, Ohio, de Sherwood Anderson; Histórias extraordinárias, de Edgar Allan Poe; e A vida como ela é, de Nelson Rodrigues. Poeta e dramaturgo, o escritor londrinense mergulha no universo das histórias curtas com conhecimento de causa: ele sabe dialogar com as diversas influências sem perder a voz literária individual.
Compaixão, humor, ironia, nostalgia e capacidade de observação marcam as narrativas de Londrinenses. O autor mistura personagens reais e imaginários da história da cidade, provocando um efeito curioso: os reais parecem fantasmagóricos e os imaginários parecem de carne e osso. A precisão jornalística se combina com a imaginação poética – e é muito difícil fazer uma coisa sem perder a outra.
Escritos originalmente para a publicação em jornal (o semanário Folha Norte, em 2007 e 2008), os contos de Maurício Arruda Mendonça passam da linguagem de jornalismo policial antigo para o coloquialismo caipira, e em seguida para as gírias de época. De repente, vem uma descrição assustadora: “Dr. Müller, emérito cirurgião, acertou tiros precisos. O primeiro, no joelho, para provocar dor na vítima; o segundo na direção da alça esquerda do intestino; o terceiro, na parte baixa do pulmão direito; e o último, de raspão, na virilha”.
Ler Londrinenses é fazer uma caminhada pelo espaço e o tempo da cidade: visitamos o túmulo anônimo do Cemitério São Pedro; passamos pela oficina dos irmãos na Quintino; entramos na boate da Vila Matos; escapamos do Cadeião da Sergipe; chegamos à casa de chá dos Fuganti; observamos o casal de mãos dadas; voltamos à república na Rua da Carioca. E tudo volta ao início – como os ponteiros do Relojão.
JL: Por que escrever sobre Londrina?
Maurício Arruda Mendonça: Eu queria poetizar o espaço em que a gente vive. Imaginar histórias que ocorressem neste lugar. Daí a epígrafe de Lévi-Strauss, com a ideia de que aspectos inconscientes permeiam a cidade. De repente, alguém poderá passar por determinada rua de Londrina e associá-la a um dos contos. Eu tinha o desejo repovoar o nosso espaço com histórias.
Qual é a principal referência literária de Londrinenses?
A mais importante é o Nelson [Rodrigues]. Fiz um exercício de estilo em alguns contos, até porque os escrevi para jornal (Folha Norte). Pela velocidade da escrita, eu apliquei a fórmula criativa nos contos do Nelson. Sempre gostei de escrever devagar. Mas, para jornal, é preciso escrever rápido. Nestes contos, eu me preocupei mais com a linha formal da história – começo, desenvolvimento e conclusão. Foi bom, porque eu apurei a minha velocidade de produção literária. Com pesquisas em livros, jornais e processos eu busquei me adequar à linguagem de cada época.
Entre os contos que saíram em jornal e as versões reunidas no livro, houve muitas mudanças?
Reformulei alguns contos que tinham problemas formais. Rebusquei alguns trechos, ampliei algumas narrativas. Os títulos variam também. Na verdade, escrevi 20 contos para o jornal; levando em conta a opinião de outras pessoas, escolhi os 14 que considerei formalmente melhores. No livro, os contos estão ordenados por décadas: dos anos 30 aos anos 80.
Você fez pesquisas e entrevistas para escrever os contos?
Conversei com muitas pessoas. Sempre tive curiosidade. Também havia feito matérias sobre a história de Londrina e pesquisas para publicações sobre o GPT [Grupo Permanente de Teatro] e o Filo. Gosto muito de pesquisar jornais e livros antigos. E fui me abastecendo com o imaginário sobre lugares da cidade.
Qual foi o papel das suas memórias pessoais no livro?
Nasci em Londrina, tenho 45 anos. Morei muitos anos na Vila Higienópolis. O conto O fantasma da Rua Antonina de certa forma é verídico. Existia aquela casa – e as pessoas relatavam fenômenos estranhos que aconteciam lá. Lendo um processo-crime da época, encontrei um abaixo-assinado em que eu reconhecia os nomes de todos os moradores da vila. Conheci a casa, ouvi as histórias sobre ela desde moleque. Muitas histórias do livro são casos reais transformados em ficção. E o que mais parece inventado – é verdade. O túmulo número 1 do Cemitério São Pedro, por exemplo, está lá, existe.
[Jornal de Londrina 15-01-2010]
11 Comentários:
Oi Maurício! Passei pra escrever sobre o livro e ainda fui presenteada pelo texto do Briguet. Não pude ir ao lançamento, mas o Rovilson me passou o livro, que está uma delícia. Gostei muito da idéia de repovoar o espaço com histórias, vc faz isso brilhantemente. Obrigada! Claudia
Oi, Claudia! Valeu. Olha, sinceramtente, eu senti a sua falta no lançamento... Tava super gostoso! O Rovilson foi sensacional com a gente. E o Briguet, mais do que generoso com meu trabalho, fui um leitor atento que me fez ver coisas no livro com as quais eu não tinha atinado. Nem preciso dizer que fico super contente que vc esteja curtindo! Obrigado!
Oww, Mauricio!
O lançamento foi tão bacana... e o livro é uma delícia. Como não poderia deixar de ser, é claro.
Parabéns, querido.
Um beijO!
Querida Samantha! O lançamento foi ótimo graças a presentas como a sua! Obrigado mesmo pela força. Cê num imagina como fico contente que o "Londrinenses" tenha te agradado. Obrigado mesmo, minha amiga! Beijo.
Maurício, que agradável a leitura de "Londrinenses"! Andarilho incansável desta nossa querida Londrina, meus sentidos já não são os mesmos. Acabo de cruzar a Vila Casone e impossível não lembrar do Tonico Presley...
Um grande abraço!
Poxa, Walter Ney! Que comentário bacana. Vindo de um poeta do olhar e autor do belíssimo "Tempo de Infância", eu fico super honrado! E viva a Vila Casone! Grande abraço.
Maurício, tomei a liberdade de postar duas fotos de Londrina que dialoga afetuosamente com Londrinenses:
http://walterneyfotos.blogspot.com/2010/01/londrinenses.html
abração
Oi Maurício, parabéns pelo Londrinenses. A leitura é deliciosa, as referências atiçam o passado da gente - como é que vc lembrou de "chocrível?" - e, mais, alguns lugares ganharam novos significados pelas suas histórias.Gostei, particularmente, dos três últimos contos, talvez por me identificar com as épocas. Abraços.
Valeu, Walter Ney! Irei conferir! E muito obrigado por esse diálogo. Deixarei um comentário em seu blog. Abraço.
Oi, Ranulfo! Uma honra receber o teu comentário! Olha, essa do "chocrível" pertence à galeria das palavras que a gente ouve e não esquece mais tamanha a invenção e sonoridade. E um susto verbal. Acredito que deva ser uma criação verbal talvez do Arnaldo Baptista. Não sei... Que legal que vc curte os três últimos. Tenho carinho grande por eles. Principalmente porque essas três histórias, em sua maior parte, verdadeiras. Abração.
Oi Maurício!
Sou professor de história no colégio estadual de Lerroville e acabei de ler o seu livro que me foi indicado pela bibliotecária Eva, quando eu procurava material sobre nossa cidade!
Disparado o melhor livro que li entre todos os que tem Londrina como tema!
Vou devolver a cópia emprestada do colégio e gostaria de saber como faço pra comprar uma cópia pra mim, já que não encontrei disponível pra venda on-line!
O livro é SENSACIONAL!
Parabéns!
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